Uma das coisas que definem a passagem da nossa infância para a adolescência é a descrença gradual da magia dos contos de fadas que fizeram parte do imaginário infantil.
Diferentemente das explicações mitológicas, que possuem geralmente um final trágico.As fábulas e os contos de fadas, se constituem numa narrativa fantasiosa para explicar fatos e situações delicadas e complexas do nosso dia a dia.
É a crença que no final tudo mais ficará bem.
Uma das coisas boas da infância, é o exercício da imaginação, da espontaneidade e da esperança.
Percebo falta da abundância de sentimentos na vida adulta.
A sensação que tenho é que a lei da escassez, da economia, tem encontrado terreno fértil entre os homens.Tenho dififuldade de entender a tendência, atual, de poupar sentimentos.
O problema é que a vida cresce inversamente proporcional a essa escala.
Se por um lado, a racionalização do conhecimento, trouxe mudanças extraordinárias à nossa qualidade de vida. Por outro, a vida moderna nos distanciou de algo sagrado, que diz respeito ao conhecimento primitivo que trazemos em nossas origens.
É dificil perguntar ao fim do dia. O que realmente nos deixa feliz ? .
A lógica no qual adestramos nossas vidas nos convida a não pensar, não silenciar.
No final,..a gente se assusta conosco mesmo, feito espelho invertido, porque resistimos à escuta.
É mais conveniente viver o barulho do dia..
É quando a gente se aquieta na sombra amiga de pessoaas especiais.Que relembramos nossos sonhos e desejos antigos, soando como uma canção doce, conhecida e distante.
Refletia, outro dia, com bons amigos, sobre algumas escolhas que profissionalmente fizemos por força das circunstâncias ou outras razões que atravessaram o caminho.
O Zé queria trabalhar com terra, gado,..
Eu, queria ser bailarina...
Sérgio, deveria ter continuado na engenharia.
Onde exatamente ficaram os nossos sonhos ?!?!
Desconfio que a gente acaba se perdendo, da gente, procurando ser racional, eficiente e produtivo...
Todos os dias, no meu trabalho, atendo pessoas sofridas, cansadas e angustiadas com o mundo, com o trabalho, com a vida, com as pessoas, com a família, com os amigos. Pensando sobre isso, cheguei a conclusão de que a doença desse século é o desencantamento e a desesperança.
O ensaio sobre a cegueira, do Saramago, é uma possibilidade sobre o que poderemos nos tornar...
Esqueçemos do que somos...
Essa constatação é muito maior do que o "pessimismo" intelectual de alguns teóricos, anos atrás, em relação a crise de paradigmas explicativos da realidade social.
Há uma crise endôgena, grave e anterior da qual sentimos e não falamos.
Percebo uma crise silenciosa quando aceitamos, sem reservas, o valor da superficialidade na forma de ser e sentir nas nossas relações interpessoais...
Percebo uma crise velada quando esquecemos da "nossa humanidade" e escolhemos viver "na medida do possível".
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