O envolvimento com as questões ambientais e a preocupação com a preservação do rio Parnaíba me aproximaram do estilo parnasiano do poeta.
Recitei " a queimada ", aos 17 anos, no teatro. Foi um dos momentos mágicos e únicos que acontecem. Encantamento, duplamente, compartilhado pela emoção de estar ao lado da minha irmã que também recitava "a derrubada".
Hoje, quando passo pelo cerrado e vejo áreas de proteção ambiental devastadas pelas queimadas, nessa época do ano, entristeço e revivo a história da minha terra de origem.
A queimada resiste aos meus olhos como página, não virada, amarelada pelo tempo e fuligem que insiste em se propagar..
Queria esquecer a queimada,...calar minha voz...
Ela resiste, imperiosa contra nós e a vegetação nativa do cerrado...
Terra minha, terra vermelha,... nossa...
Uma espira
De fumo
No ar gira
Sem rumo ...
Essa mancha azulada
É um sinal de queimada.
E o cinéreo troféu
Do fogo, ao sabor do vento,
Vai subindo, leve e lento,
Tisnando a seda do céu.
A fumaça, que se ergue, indolente e ondulada,
Mostra ao longe o roteiro da queimada.
Paira no ambiente morno,
Asfixiando, um letárgico mormaço;
E em torno,
Curvo, lavado em luz, reverberando, o espaço
Dá-me uma nítida impressão de uma abóbada de aço,
Sob a temperatura cálida de um forno.
A atmosfera carregada
É o prenuncio da queimada.
Esfuma-se a paisagem ...
E pelos campos se manifesta
De súbito um rubor no verde da folhagem,
Que agosto amarelece e a canícula cresta,
Como se, na explosão de ignívoma voragem,
Rebentasse um vulcão no seio da floresta.
(...)
Da Costa e Silva
Um comentário:
Ameiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!..foi um momento único essa nossa estreia nos palcos. Beijoss
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