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Licao -1

"A única lição que pan pode ensinar a wendy é aprender a voar. A única lição que wendy pode ensinar a pan é aprender a lembrar".


Seres encantados !


30 de nov. de 2010

Fantasia



Deixa  de sonhar acordada.
De querer ter o que intimamente guardas como grilhões.
Sufocastes tantas vezes a dor, o riso, a partilha.
Extravasastes em rios teus sonhos desfeitos.
De nada mais adianta a tua fome.
Guarda teus olhos.
Por que insistes ?
Recolhe tua alma mulher feita de fantasias.
Lembra-te de você !
É no tear do tecido da vida que refazes o tempo.
Retira-te para o alto da montanha.
Por que renegas a tua beleza etérea e te condenas assim ?
Falas por entre sussurros ao teu coração.
Como anjo caído retomas o lugar que te pertence.
Lembras para que tu fores feita ?

28 de nov. de 2010

Osso duro de roer !

Deixei pra assistir  Tropa de Elite -2, esta semana, por três razões.Primeiro porque buscava  uma visão mais distanciada  das críticas e comentários entusiasmados. Segundo, porque  tenho evitado ler e assistir filmes que retratam a face perversa da violência. E por último, porque tenho resistência a loucura de cinemas super lotados e bilheterias esgotadas dos lançamentos.

Queria que tivesse passado a febre...

Só não podia imaginar, que o sentimento febril de violência  entrasse  em colapso essa semana.Haviam poucos expectadores no cinema.Entretanto, à indignação das pessoas em relação ao retrato nu e cru da violência foi algo inquietante e também assustador.

- É  isso ai,!!!...filho da p...toma !!

Quanto mais sangue, surras,.. mais a galera vibrava,...

Nem sei se as pessoas perceberam a sutileza do drama individual do Capitão Nascimento...

O filme foi realmente uma porrada !

Ao contrário de muitos, não aplaudi,.fiquei muda e triste..

Lembrei- me do homem hobbesiano. O permanente estado de guerra do homem primitivo que lutava pela sobrevivência, hoje, se confunde com o instinto primitivo do homem moderno.Abrimos mãos das nossas liberdades individuais porque acreditávamos que poderia existir algo soberano que pudesse representar os interesses da coletividade.

Hoje, diante do panorama caótico do Rio de Janeiro comparado a guerras como o Iraque, repenso na decadência do Estado moderno de direito contemporâneo.Como diria Hannah Arendt, nossa condição humana nos fragiliza  e simultaneamente aniquila.

Se os instrumentos que dispomos para coibir a violência, são semelhantes aqueles utilizados pelos bandidos. Há  algo de errado com a nossa sociedade.

Como diria  Hamlet,  há algo de podre no Reino da Dinamarca !

A presença de carros blindados nas ruas, da segurança nacional, da marinha e forças de operações especias dizem mais do que as imagens veiculadas pela imprensa.

A realidade é muito pior do que a ficção.É a falência explícita ,em  sangue,de um Estado que há muito tempo não cuida e não protege o seu povo.

Vamos falar de combate ao narcotráfico ? Então vamos falar da pobreza !.Vamos falar do desemprego ! Vamos falar da questão da moradia! Vamos falar da saúde. Vamos  utilizar as  mesmas armas de combate massivo e bélico para combater as ditorções  estruturais e históricas causadas pelo homem.

Queria que tratássemos da fome, com o mesmo sentimento de violação que contaminou a nossa sociedade essa semana !

A guerra ao narcotráfico fala de problemas que extrapolam às forças armadas brasileiras.

Podemos até garantir a paz momentânea  acuando e prendendo os  mais nocivos à sociedade.Os colocamos dentro de um sistema penitenciário ineficiente e importamos o problema para o sistema carcerário.

Ando cansada dessa história sem fim.Aqui, de  fora, reproduzimos novos bandidos a cada dia pela exclusão e o não usufruto da riqueza socialmente produzida.

Discutir o narcotrafico é falar dos invisiveis.

27 de nov. de 2010

Anjo !

Você caiu do céu



Um anjo lindo que apareceu
Com olhos de cristal
Me enfeitiçou
Eu nunca vi nada igual
De repente...
Você surgiu na minha frente
Luz cintilante
Estrela em forma de gente


(Tunai)






Há coisas que superam nossa compreensão.
Há alegrias impossíveis de serem descritas.
A primeira vez, que tive um encontro como esse, foi aos 9 anos de idade.Ainda não compreendia o alcançe e o significado do momento. Entretanto,lembro da doçura do sentimento de paz a qual fui envolvida e dos preciosos tesouros que cultivei e ainda os preservo diante da turbulência  e alegrias.



De tudo mais que a vida nos tira, ao longo da vida, acrescenta na partilha com os filhos e aqueles que,verdadeiramente, se importam com os nosssos sentimentos.












Peço aos céus que assim, como esse amor divino  guiou-me, fortalecendo meus caminhos, escolhas.Que ele também possa  permanecer em seu coração, por toda sua vida espiritual.


O que fica é a lição, inconstestável, do amor que acrescenta luz à nossa existência






De tudo que fica, a partilha do amor e a celebração da amizade e da vida.



21 de nov. de 2010

Habanera

Cada vez mais, certifico-me, da importância  da música em minha vida. Ainda não descobri porque deslumbro-me com algumas óperas.Sou quase amante solitária, do gênero, em casa.Talvez esteja relacionado à  intensidade permanete do meu espírito inquieto.

Tive uma agradável surpresa ao escolherem uma das obras de Bizet pra o encerramento das aulas de teclado.

A musica é extremamente pertubadora. Impossível não criar um cenário imaginário ao ouvir os sons sedutores de Habanera. Bizet compôs uma melodia que retratasse a realidade controversa e humana dos homens,  seus  devaneios, paixões, sonhos,luxuria. 

A morte de Carmem, pelo amante, Dom José, em nada diminuiu  à beleza da música, muito pelo contrário. Dramaticidade à parte, a ópera francesa, que chocou a sociedade da época é hoje tocada harmoniosamente, também, por crianças, que embora desconheçam,  os detalhes conflituosos do enredo, não ficaram imunes, à beleza da Habannera cantada por Carmem no primeiro ato.  Profusão crescente de sons melódicos que inundam  e encanta tudo a volta



(spoken intro) When will I love you?
Good Lord, I don't know,
Maybe never, maybe tomorrow.
But not today, that's for sure.
(sung) Love is a rebellious bird
that nobody can tame,
and you can call him (although it is) quite in vain,
because it suits him not to come.
Nothing helps, neither threat nor prayer.
One man talks well, the other, silent;
but it's the other that I prefer.
He says nothing, but I like him.
Oh, love! Love! Love! Love!
Carmen: Love is a gypsy's child,
it has never known the law;
if you love me not, then I love you;
if I love you, you'd best beware! (You'd best beware!)
if you love me not,
if you love me not, then I love you (You'd best beware!)
but if I love you,
if I love you, you'd best beware!
Choir:Love is a gypsy's child,
it has never known the law;
if you love me not, then I love you;
if I love you, you'd best beware! (You'd best beware!)
Carmen: if you love me not,
if you love me not, then I love you (You'd best beware!)
but if I love you,
if I love you, you'd best beware!
The bird you hoped to catch
beat its wings and flew away ...
love stays away, you wait and wait;
when least expected, there it is!
All around you, swift, swift,
it comes, goes, then it returns ...
you think you hold it fast, it flees
you think you're free, it holds you fast.
Oh, love! Love! Love! Love!

(Bizet)


Versao da Opera de G. Bizet. (traduzida) 
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11 de nov. de 2010

Chá invertido

Onde está Alice ?
De tanto insistir na história do coelho branco.
A menina caiu no buraco da toca do coelho, trajando colete branco, que cantava insistentemente..

Não, não, não, não não eu tenho pressa !
Eu tenho pressa pressa!
Ai. ai meu deus! (2x)
É tarde, é tarde é tarde...

Foi realmente como um filme, em slow motion, de aproximadamente anos a descida (...)
O que Alice encontrou ?
O que Alice buscava ?
Dessa vez, encontrou um mundo diferente do país das maravilhas, sonhado,  de Lewis Carroll
Adentrou o universo surreal através do biscoito mágico e de uma porção encantada da qual bebeu e pode finalmente abrir a porta(...)
O que fez Alice correr por entre os arbustos e cair numa toca de coelho ??
Queria inverter a ordem das coisas, reconstruir e resignificar fatos esquecidos..
Quem ainda não desceu  no túnel  imaginário de Alice ?!?

Alice encontrou um outro lugar. Quase sombrio.Não havia nome, nem placas de identificação, nem avisos de boas vindas.O sol andava escondido por entre as nuvens. E quando chegasse a noite,desconfiava que as estrelas haviam parado de brilhar.
Já não haviam mais rosas falantes e pássaros, estranhos, cantando no jardim.
Era completamente diferente da experiência anterior.O lago de lágrimas fora substituído por areia desértica.

Havia a preparação para um ensaio de banquete, versão contemporânea.
Nada parecido com a discussão filosófica de Platão, ao falar da beleza do amor e da amizade, no Banquete, com outros filósofos intelectuais.Era um chá de dialogo invertido.
Os convidados, além do chapeleiro louco, do coelho branco, sempre apressado, eram personagens de outras histórias paralelas.Encontrou Peter Pan contando, deslumbrado, as histórias de aventuras da terra o nunca. Pan era um bom amigo,mas podia ser extremamente superficial quando se tratava de relacionamentos. Certamente desconstruiria a beleza dos discursos do grupo dos sete filósofos, que se renderam a Eros. Continuava na terra do nunca porque tinha medo de enfrentar a própria realidade, a natureza por vezes obscura dos sentimentos.

Encontrou Wendy, parecia cansada.Tinha a impressão de que havia diminuído de tamanho.Fora o pijama branco, comprido esvoaçante, e os cabelos compridos com uma flor do campo no cabelos, não parecia mais a menina-mulher de antes.Conversava com o Dr.Lagartixa, que tinha deixado de fumar cachimbo.Parecia distante, com o olhar perdido, sentada e quieta observando tudo a volta.

Alice, curiosa, perguntou-lhe porque ela estava ali, naquele lugar confuso. Pra onde teria ido a luz que emanava dos seus olhos quando falava?. Não consigo ver sua caixa de costuras ?.O que fez com o o seu dedal ?.Onde estão os livros de historias ?.Wendy não sabia responder.Havia esquecido de lembrar.Tinha perdido a alegria de voar e queria estar presa a terra.Wendy ?.Como pode esquecer suas fantasias ?.Onde estão os bolsos do seu coração ?!?!


Não queremos lembrar o que esquecemos.
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só..(...)
(infinita highway-Engenheiros do Hawaii)







E de repente, Alice ouviu a voz, da rainha de copas..

- soldados , cortem-lhe a cabeça !

6 de nov. de 2010

Peace

Pelas horas de paz que nos proporciona todos os dias.
E por reconduzir-me ao maior dos tesouros.
Biel, anjo de luz !






Let's don't worry my brother
in this world we are all the same
we must find peace
we must find it together
is not far away from your heart
you've got the good vibration

let your heart follow the rhythm
when the voice give you emotion
you have fulfill peace


When the butterfly dances in the sky
When you want to sing what you like
you've got the good sensation
you've got the good sensation
you've got the good vibration

you've got the good vibration

(...)



(don't worry/ playing for change Lyrics)



5 de nov. de 2010

Quando estou.

Quando é que o  corpo repousa ?
Quando encontra a calmaria interior e mergulha no oceano.
Quando reponho energia entre trocas de calor humano.
Quando tenho pausas, abuso da simplicidade.
Demoro ao sair da cama, perco a  noção do tempo, escondo despretensiosamente a chave da casa. 
Quando estou em repouso, o prazer é estendido às pequenas coisas do cotidiano.
Como a alegria de colocar os pés com suavidade sobre os chinelos descansados em algum canto do quarto.
A manhã chega preguiçosa,..levanto ainda sonolenta ao som da chuva, contemplo a paisagem pela cortina de água na janela.

Escolho a camiseta mais velha, o moleton mais antigo,.ignoro a desorganização. Faço arte com os dedos enrolados nos cabelos adormecido e desenhados pela noite.

Quando estou em repouso, sigo o movimento do coração.Vasculho álbuns de fotografias.Tenho necessidade de explorar os limites físicos da saudade. Materializo ausências, inventando formas alternativas de colocar quem gosto perto.As vezes, entoando uma música feito trilha sonora de filme.Noutras, colocando o meu colar de pedras azul royal pelo prazer, do aconchego, de ter alguém importante mais perto do coração..Funciona como uma carícia, um amuleto de proteção,..uma máquina do tempo..Consigo vê-la por entre as ruas de Veneza, como relatou-me há tantos anos atrás..Lembro porquê o escolheu para mim...

Quando sinto saudades tenho rituais.Revejo cartas enviadas, reescrevo outras que jamais sairão do rascunho.Releio páginas de livros marcadas pelo meu lápis teimoso.Recorro à estante de livros para sentir mais uma vez, o cheiro do outono através das folhas amareladas, pelo tempo, guardadas no livro do Fernando Pessoa. Pronuncio o nome da minha irmã para lembrar o quanto ela e importante pra mim..Ensaio um fado pra viver essa saudade.Saio de mim para encontrar o outro..E quando aproxima a noite, entre um gole de vinho,costumo dançar de pijama pela sala, ao som do riso das crianças.O boa noite é mais longo do que o habitual, prolongo o momento da intimidade.

Quando estou em casa, exagero nos beijos, abraços apertos e declarações.
Os lábios se transformam em  extensão da alma, não sei onde um começa ou termina... 
O melhor lugar é estar abraçada no espaço entre meus filhos.
Fico quieta pra  manter  a temperatura do corpo..
O telefone fica provisoriamente  mudo, adormecido, em algum canto da casa.
Esqueço da bolsa, do cartão de credito,..
Sem documentos minha identidade esta recolhida aqui..

2 de nov. de 2010

Sartre e Beauvoir


Quando viajo, reservo um tempo para algumas preferências exóticas.
Geralmente, são  lugares onde há pouco fluxo de turismo.
Talvez tenha necessidade de interagir com as pessoas, ouvir sua vozes. 
Ainda não sei de onde vem o prazer que tenho por ouvir historias não recontadas pelos livros.
Tenho resistência ao impessoal,..preciso sentir cada conto pelo cheiro das pessoas, pelas ruas mal iluminadas.Vou ao encontro da neblina por acreditar que há algo especial por trás da fumaça.Funciona como um teatro onde o expectador espera com emoção o abrir das cortinas para vivenciar o enredo.

Ainda não sei quantas vezes estive nos braços de Paris, entretanto, da ultima, procurei romper o roteiro turístico esperado e as vezes  cansativo. Priorizei  lugares nunca visitado. Precisava ir ao encontro de pessoas que fizeram parte da minha formação.

Seguindo minha intuição, pouco convencional, passei horas no Cemitério de Montparnasse  para estar com Simone de Beauvoir e Sartre Dois grandes filósofos que ajudaram-me a compreender respectivamente o universo feminino e uma outra paixão, a filosofia existencialista. E ao contrario, do que muitos pensam, foi uma experiência de muita paz e tranquilidade. Pude ver,  com emoção, algumas historias recontadas pela  esculturas de algumas lapides. 




 
  


Hoje, dia de pensar sobre as pessoas importantes em nossas vidas.Sobre pessoas que um dia vivenciaram a dor da perda.Também posto uma homenagem especial aos dois pela contribuição irreverente ao pensamento humano. 


                                              Anjo do sono eterno            Sartre e Beauvoir

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