Disse tantas vezes, a mim mesma, que não escreveria sobre esse momento.
Algumas coisas conseguimos guardar.
Outras simplesmente extravasam..
Ainda acredito que dar nome aos machucados é uma forma de reelaborar nossas dores.
A limpeza do que incomoda é algo contraditório porque possibilita processos distintos.
Um através do ordenamento das palavras e outro pela eloquencia do silencio e recolhimento.
Como é que a gente faz de conta que não aconteceu o vivido ?
Como é que a gente esquece o bater de asas dos passarinhos na janela do quarto ???
Como esquecer a melodia do amanhecer ???
A sombra da àrvore em cachos ...
Alguém pode me dizer ???..
Alguém pode me dizer como é que a gente contém sentimento ???
Desconfio, que ainda que soubesse, recusaria descobrir a sinalização.
Porque sei a medida exata do meu lugar no mundo.
Existir, sentir...
A teimosia não é algo que carregue à tiracolo...
O que acontece, não é resistência ao novo..
É uma tentativa constante de resignificar sonhos perdidos...
E isso não diz respeito apenas à frustrações...
Mas ao que ficou perdido pelo caminho....
É disso que falo..
É desse sentimento que não tenho a escuta, muito menos a acústica necessária para reverberar junto a ti.
Hoje,...sentada à margem da piscina chorei ...
Toquei a agua aquecida na tentativa de aquietar o coração que desaguava rumo ao oceano...
Agradeci estar sozinha..era o meu momento...com você
Também foi um reencontro comigo.
E do que sobrou dessa história..
O calor do sol, na manhã fria, foi um carinho...
Precisava capturar o que um dia foi nosso...
Hoje,..já não mais sei o que temos..
O que trago é a sensação de rupturas...desfiliação...
Não cantarei a cerimônia da despedida.
Também não invocarei um mantra do adeus.
Quando se aproximar o crespúsculo,..
Regarei as plantas do jardim inacabado.
E recolherei as esperanças junto ao coração.
Olhar para trás não me transformaria numa pedra de sal.
Apenas diminuiria o aperto que estrangula a fala.
Algum tempo, quando falar de você, espero não reviver a melancolia.
Peço que a minha voz reflita a serenidade da minha alma.
E a força do recomeço em orvalhos...