Tudo começou sentada calmamente no sofá, esperando a próxima sessão de filme começar...Foi entre um gole de coca zero e algumas pipocas que você surpreendeu-me.Nada se compara ao prazer de ser arrebatada por pessoas que conhecem onde pulsa mais forte o lado esquerdo do peito.No cartão vinha :
Desembrulhei e era o livro do DOISNEAU, sobre Paris, retratando três momentos históricos o antes, o durante e o pós guerra.Antes de folhear complementou dizendo,..
- Há meses venho procurando pra comprar,...chegou há 15 dias em Brasília...
Quem estava por perto não entendeu muito o que acontecia.Foi uma das coisas mais doces que senti.Ali mesmo, batizei o livro, ainda fechado, com a emoção que corria solta e feliz sobre minha face, a contra capa do livro e teu abraço restaurador.
Sabia que essa mania de transbordar me levaria a algum lugar. Conduziu-me a uma idéia antiga, mas que agora ganha forças.O ato de criação é um processo naturalmente desorganizado para mim.Preciso de sentimento para prosseguir um projeto, uma idéia, uma carta, um bilhete, uma mensagem, uma paisagem, um acontecimento qualquer que arrebate o que guardo intimamente.Não precisa estar elaborado, porque sentir é o primeiro movimento.Tudo mais, depois amadurece, feito fruta verde em árvore.Todos os dias passamos e enxergamos apenas folhas e galhos..Um dia qualquer, aparece um pequeno fruto, que por sua vez ,precisa seguir o ciclo das estações e quem sabe ser digerido, compartilhado, recriado.
Pensei então em fazer um grande álbum de fotografias com a história do lugar onde moro, do que percebo, vivencio com amigos ou estranhos.Roubar algumas horas do quotidiano para estar como figurante e viver a arte de forma simples.Como se mostra aos meus olhos..Trazer um pouco da concepção do que Doisneau fez por décadas.Como o próprio autor diz:
Ver é por vezes construir por si mesmo com os meios que tens à disposição, um pequeno teatro e esperar pelos atores...
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