Deixei pra assistir Tropa de Elite -2, esta semana, por três razões.Primeiro porque buscava uma visão mais distanciada das críticas e comentários entusiasmados. Segundo, porque tenho evitado ler e assistir filmes que retratam a face perversa da violência. E por último, porque tenho resistência a loucura de cinemas super lotados e bilheterias esgotadas dos lançamentos.
Queria que tivesse passado a febre...
Só não podia imaginar, que o sentimento febril de violência entrasse em colapso essa semana.Haviam poucos expectadores no cinema.Entretanto, à indignação das pessoas em relação ao retrato nu e cru da violência foi algo inquietante e também assustador.
- É isso ai,!!!...filho da p...toma !!
Quanto mais sangue, surras,.. mais a galera vibrava,...
Nem sei se as pessoas perceberam a sutileza do drama individual do Capitão Nascimento...
O filme foi realmente uma porrada !
Ao contrário de muitos, não aplaudi,.fiquei muda e triste..
Lembrei- me do homem hobbesiano. O permanente estado de guerra do homem primitivo que lutava pela sobrevivência, hoje, se confunde com o instinto primitivo do homem moderno.Abrimos mãos das nossas liberdades individuais porque acreditávamos que poderia existir algo soberano que pudesse representar os interesses da coletividade.
Hoje, diante do panorama caótico do Rio de Janeiro comparado a guerras como o Iraque, repenso na decadência do Estado moderno de direito contemporâneo.Como diria Hannah Arendt, nossa condição humana nos fragiliza e simultaneamente aniquila.
Se os instrumentos que dispomos para coibir a violência, são semelhantes aqueles utilizados pelos bandidos. Há algo de errado com a nossa sociedade.
Como diria Hamlet, há algo de podre no Reino da Dinamarca !
A presença de carros blindados nas ruas, da segurança nacional, da marinha e forças de operações especias dizem mais do que as imagens veiculadas pela imprensa.
A realidade é muito pior do que a ficção.É a falência explícita ,em sangue,de um Estado que há muito tempo não cuida e não protege o seu povo.
Vamos falar de combate ao narcotráfico ? Então vamos falar da pobreza !.Vamos falar do desemprego ! Vamos falar da questão da moradia! Vamos falar da saúde. Vamos utilizar as mesmas armas de combate massivo e bélico para combater as ditorções estruturais e históricas causadas pelo homem.
Queria que tratássemos da fome, com o mesmo sentimento de violação que contaminou a nossa sociedade essa semana !
A guerra ao narcotráfico fala de problemas que extrapolam às forças armadas brasileiras.
Podemos até garantir a paz momentânea acuando e prendendo os mais nocivos à sociedade.Os colocamos dentro de um sistema penitenciário ineficiente e importamos o problema para o sistema carcerário.
Ando cansada dessa história sem fim.Aqui, de fora, reproduzimos novos bandidos a cada dia pela exclusão e o não usufruto da riqueza socialmente produzida.
Discutir o narcotrafico é falar dos invisiveis.
Discutir o narcotrafico é falar dos invisiveis.
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