Pesquisar este blog

Licao -1

"A única lição que pan pode ensinar a wendy é aprender a voar. A única lição que wendy pode ensinar a pan é aprender a lembrar".


Seres encantados !


21 de jul. de 2007

Memoria de Vovô










Querido Vovô,

Família numerosa de filhos. Casado com minha avó Vitorinha. A mais bela durante a sua juventude e maturidade. Dizem que suspiravam quando passava pelas ruas inda mocinha. Vovô...o senhor sem duvida é um homem de sorte! ter encontrado uma jóia preciosa como a vozinha, minha segunda mãe...
A vida segue o curso. E a idade por vezes debilita demais as pessoas que amamos..Assim, gosto de pensar no avô herói....Quando a dor vem, o coração se encarrega de procurar refúgio e alívio pra alma. Portanto, quando fecho os olhos consigo ver com nitidez meu avô falando pelos cotovelos como nos áureos tempos.
Lembro com emoção que quando alguém perguntava minha idade quando criança, ele sempre aumentava um ano!.Eu, é claro, me sentia importante e grande !.Gostava de dizer que eu tinha os pés grandes pra minha idade. Na época calcava 37. Ao mesmo tempo, delicadamente, me confortava.Dizia que eu era alta, precisava me sustentar.Estranhamente, até hoje nunca mudou a minha numeração.Provavelmente, não cresci como gostaria...
Sentar com ele na calçada e ouvir suas historias era maravilhoso...Melhor do que qualquer livro de histórias!. Certa vez me disse que não acreditava que o homem tinha ido a lua, que aquilo tinha sido uma armação! Bem que eu tentei argumentar, tinha 12 anos na época...Confesso que não tive muito sucesso!.Adorava ouvir as músicas engraçadas que ele cantava (ou piso o milho ou penero cherém...).

muitos anos atrás, quando foi perdendo sua audição, dizia que eu falava baixo, pra dentro.Gostava de falar com a tia Eldina porque ela falava explicado e ele entendia tudo., eu bem que tentei, continuo falando sem parar, mas ainda baixinho...E minha tristeza por vezes é apenas um sussurro ao vento...
Todos os dias ao tomar banho deixava água respingando por ele. Quando perguntava, por que não se enxugava direito e insistia em vestir a camisa ainda molhado, ele respondia que era pra passar o calor. Isso, é claro, aconteceu muito antes do calor insuportável de Teresina.Antes mesmo de se discutir o aquecimento global.Vovô é assim, tem um senso de humor refinado pras coisas simples da vida. Nos momentos que precisava agia com pulso forte, mas isso em nada abalava o seu humor de vô!
Andava sempre de bermuda, colocava uma camisa de algodão e botões e ia caminhar na calçada sem pressa, arrastando suas sandálias. Primeiro, dava uma voltinha até a esquina pra conversar com Sr. João Craveiro. Era rotina sagrada todas às tardes.
Nas férias,vovô nos levava ao clube no seu chevete branco.Era maravilhoso! banhávamos horrores, eu, minha irmã e minhas primas de infância. Depois da farra do banho tinha a farra do picolé maguary kibon ! dia perfeito!voltávamos torradas de sol e cheirando a cloro de piscina.

Outras vezes, pela manhã levantava e ia consertar coisas diversas, como, subir no telhado pra tirar goteiras, lavar a caixa d' água,podar o de umbu.Já falei do de umbu?..Não,...era o meu santuário! lugar predileto da minha infância. Onde a imaginação não tinha limites! reino da fantasia.Brincávamos e é claro comíamos umbus doces como mel !.Podem ficar com água na boca!As tardes sempre eram mágicas.Havia todo esse ritual de conversar com os vizinhos, sentar na calçada até chegar a noite à espera do ventinho fresco das 10:00 horas.Mas até , tinha muita coisa ainda por acontecer.
Vovô comprava pães na Mapil fresquinhos e crocantes, leite pasteurizado de saco e por ai vai!.Sempre reclamava da comida da minha avó que ficava resmungando com os comentários dele do tipo,...se era comida cozida gostava de fritura e vice versa! Mas isso são outras histórias...Sempre jantávamos às 18:00. Cheirinho bom de comida de a vista !

Adorava ver todas as coisas que faziam parte do mundo do trabalho do vovô.A espada e as fotos na época em que ele trabalhava no Quartel e todos aqueles adereços que não entendia, mas que ganhavam importância por serem de uma pessoa na qual admirava.Isso faz toda a diferença!.
Ainda consigo ouvir as batidas do velho relógio de parede...É tempo de voltar...Vovô Coronel, que saudades!.Tenho orgulho de ser sua neta, de fazer parte da sua vida!.Um dia espero chegar perto da sua ternura e fortaleza.
Amo você !
, como gosto de chamá-lo!. Uma pessoa que aprendi a amar e respeitar desde cedo. Hoje ele tem 92 anos. Com o passar do tempo, os anos o deixaram frágil, mas continua lúcido e presente na minha vida. Foram muitas as batalhas não é ?.

    2 comentários:

    Anônimo disse...

    Corrinha PARABÉNS pelo lindo texto que a todos emocionou. Em nome do vovô te agradeço. Lindo!!!

    Wendy disse...

    Escrevi com a ponta do coracao !
    bjus !

    Total de visualizações de página